quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Mostra de Patchwork em Campinas

Abrindo um parêntese: o desafio continua valendo. Houve algumas tentativas - quase corretas, mas ainda não: a primeira que acertar leva o prêmio!

Fechando o parêntese, e vamos à feira de patchwork.

Ontem eu e uma turma animada (Fátima, Isabel, Ivaneide e Marilda) fomos à edição Campinas do Brazil Patchwirk Show. Foi bom? Foi. Mas sem ponto de exclamação. Essas feiras são sempre legais, mas estão ficando muito, muito repetitivas. Praticamente não vimos peças em patchwork. As poucas presentes estavam em cantinhos discretos, e eram peças extremamente básicas (modéstia à parte, nós damos um banho!). As estrelas da feira eram as bonecas e as eternas aplicações fofinhas com temas batidos - vacas, galinhas, bichinhos, bonecas, anjinhos. Nada contra nenhum desses temas. Só acho que não se poderia dar a esse evento o nome de "Patchwork Show". Poderia ser "Patchwork Shame": shame que dizer vergonha (Ih, peguei pesado).

Meu diagnóstico é: nós, artesãs, precisamos criar mais, e copiar menos. Anjinhos, sim, mas desenhados por nós. Vacas, sim, mas com nosso próprio traço. Ultimamente passei a achar que as revistas de artesanato são um sacrilégio e deviam ser proibidas. O conceito de "artesanato" está se perdendo.  Artesanato mesmo deveria ser algo original, feito em cada região, com matéria-prima da região, de preferência. Mas o que se vê é uma epidemia de peças feitas com material do bazar mais próximo e copiadas de revistas da banca mais próxima. Tudo igual, de norte a sul. Ninguém põe a cachola para funcionar.

Lembro que estive em Holambra recentemente e fiquei decepcionada: coisa bonita para ver, lojinhas charmosas... e as mesmas peças de artesanato que encontramos em qualquer cidade. Consuelo sofreu decepção semelhante em São Francisco Xavier: quis adquirir algum tipo de artesanato local, e só encontrou peças repetitivas, encontradas em qualquer revista e em qualquer esquina.

Vocês devem estar estranhando essa minha conversa, já que tenho muitas revistas e zilliões de livros de artesanato.  Mas vamos lembrar: eu sempre insisto que livro e revista é para a gente se inspirar e aprender técnicas. Esse conhecimento deve então ser misturado com nossas próprias idéias, sentimentos, visões, interpretações... a pergunta que deve estar na ponta da língua ao começarmos uma nova peça é: E se...? E se eu mudar essa cor? E se eu picotar essa borda? E se eu trocar essa aplicação com cara de estilo Country americano por um elemento da cultura brasileira? E se eu misturar aqui um material que não tem nada a ver com patchwork? E se... enfim, tem de questionar. Tem de usar a imaginação. Ontem, em Campinas, sobrou capricho, material caro e técnica. Faltou imaginação.

Vamos, então, refletir e repensar o artesanato? Vamos olhar a nossa volta e tentar imaginar como nossa visão do mundo pode afetar o que sai de nossas mãos?

Esse, sim, é um desafio.

Abraço da Jane!

P.S.: Não tirei fotos, porque não vi nada que empolgasse... Se quiserem ver fotos da mostra, é so olhar os trabalhos de qualquer revista.

P.S. 2: Parabéns à professora Lee Albrecht, da escola de bordado com o mesmo nome: seu grupo apresentou uma linda exposição (na feira errada, é bem verdade); elas vão muito além do que vemos por aí - fazem um bordado extremamente delicado, com materiais nobres, coisa que não se vê em qualquer lugar.

2 comentários:

  1. Que pena que não empolgou, bom é quando a gente
    tem crises de ohhhh e ahhhh. Entrei no site da Lee Albrecht e fiz muitos ohhh, obrigada por compartilhar!

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  2. É isso aí, Janete: o fator "ohhhh" da feira estava baixo! rssss

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